sábado, 30 de abril de 2011

AH! O CELIBATO NA ÓTICA DE QUEM VIVEU !!! ( RAY PINHEIRO )

AH! O CELIBATO NA ÓTICA DE QUEM VIVEU...


Essa questão do celibato é um assunto que sempre deu e certamente continuará dando muito que falar. Existem aquelas pessoas que são contra o celibato e aquelas que são a favor e cada qual defende seu ponto de vista baseado em sólidos argumentos teológicos, morais, psicológicos, científicos e outros mais. Entretanto, há uma grande parte de pessoas que condenam o celibato e nem sabem exatamente o por que. Em muitos casos, não entendem o que ele realmente é, não procuram conhecer as razões pelo qual ele foi instituído no meio religioso e acabam por condenar à revelia a Igreja como sendo uma organização sádica, que impõe o celibato com o único objetivo de fazer seus religiosos e religiosas sofrerem de abstinência sexual. Por outro lado também enxergam esses mesmos religiosos e religiosas como pessoas que vivem com seus instintos sexuais de tal forma reprimidos, que a qualquer momento podem cometer um ato de loucura para extravasá-los, se alguém não fizer algo para acabar com a tirania da Igreja e libertá-los desse sofrimento. A pedofilia é geralmente apontada como exemplo de uma dessas loucuras; obviamente, essa justificativa não tem fundamento algum, menos de 0,2% dos padres foram acusados de pedofilia nos EUA, país com grande incidência desse problema; se a causa fosse relacionada com o celibato, então seria 100%. Além disso, no meio Evangelico, onde é via de regra os pastores se casarem e construírem famílias, também é grande a incidência de pedofilia, como mostra o exemplo abaixo: http://site.paranaibanews.com/noticia/preso-pastor-evangelico-acusado-de-pedofilia--.html.

Quando falamos em celibato religioso temos que considerar alguns pontos que são de fundamental importância: a livre opção pelo celibato, sua origem bíblica e a vocação para tal.

A livre opção pelo celibato: em primeiro lugar devemos lembrar que a Igreja não obriga ninguém a ser padre, freira ou religioso(a) de qualquer natureza. Todos os que hoje desempenham suas funções estão lá por livre e espontânea vontade. Quando ingressaram na vida religiosa estavam no pleno exercício de suas faculdades mentais, sabiam muito bem que uma das exigências para tal era o celibato e mesmo assim ainda optaram por esse caminho. Devemos lembrar também que todo candidato(a) a religioso(a) sempre tem um período de vivência dentro de um seminário ou convento para conhecer a vida religiosa de perto e avaliar melhor a sua escolha : se ele ou ela constatar que não é realmente aquilo que esperava pode arrumar sua mala, voltar para casa e fazer da sua vida o que bem entender; caso contrário, se a vivência dentro do ambiente religioso vier a confirmar sua vocação, então ele/ela prossegue sua preparação por decisão e vontade próprias. Essa decisão também é avaliada por um religioso que acompanha o candidato durante toda sua estadia e dará seu parecer final à Igreja se a decisão de ingressar na vida religiosa foi correta ou não. E se alguém ainda disser que o candidato por ser induzido a continuar na Igreja mesmo sem vocação, então basta observar a quantidade de paróquias por esse Brasil afora que estão sem padres.

A origem bíblica do celibato: um argumento muito utilizado pelas pessoas contrárias ao celibato é o de que não há nenhuma exigência na Bíblia para isso. Realmente, a Bíblia não faz exigência alguma para que alguém seja celibatário, da mesma forma que ela não faz qualquer exigência para se casar, nem para se converter, nem se batizar; não há na Bíblia sequer uma exigência para alguém ser cristão. Longe de exigências, a Bíblia nos faz apenas convites de adesão ao projeto de Deus, uma vez que Ele não quer ninguém o obedeça por obrigação ou coação, mas que respeite seus desígnios através do amor de filhos, da mesma forma que Ele nos respeita através de seu amor de Pai. E entre os muitos convites que Deus nos faz está também o do celibato.

O primeiro e maior exemplo destes convites é o do próprio Cristo, que não dedicou sua vida apenas para uma esposa, filhos e família como seus conterrâneos judeus, mas amou de tal forma cada homem e cada mulher deste mundo a ponto de fazer de todos a sua própria família (Mt 12,50). E ainda ratificou: "Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros." (Jo 13, 34).

O segundo exemplo que encontramos é o dos 12 Apóstolos que, seguindo os passos de Jesus, também optaram pelo celibato e dedicaram suas vidas ao próximo. Isso incluiu até mesmo Pedro que era casado (Mt 8, 14) e deixou tudo o que tinha para fazer a mesma opção que os demais (Lc 18,28) porque acreditou naquilo que Jesus lhes disse: "Em verdade vos declaro: ninguém há que tenha abandonado, por amor do Reino de Deus, sua casa, sua mulher, seus irmãos, seus pais ou seus filhos, que não receba muito mais neste mundo e no mundo vindoura a vida eterna" (Lc 18, 29-30).

O terceiro convite que encontramos está na carta de São Paulo aos Coríntios, onde no capítulo 7 ele orienta homens e mulheres solteiros, casados e viúvos acerca dos relacionamentos humanos, mas sempre exaltando a condição do celibato, da qual ele também aderiu como a melhor para qualquer pessoa: "Penso que seria bom ao homem não tocar mulher alguma"; "Aos solteiros e às viúvas, digo que lhes é bom se permanecerem assim, como eu", "Não estás casado? Não procures mulher".

Como podemos muito bem observar não há nada de monstruoso no celibato, a ponto de ser altamente exaltado pela Palavra de Deus; muito pelo contrário, é uma grande virtude e um ato de amor ao próximo que poucos seres humanos têm dentro de si.



O dom para o celibato: bem ao contrário do que muitos imaginam o celibato não é nenhuma repressão sexual que escraviza o ser humano, mas um dom que Deus concede para alguns de seus filhos. O próprio Jesus Cristo falou sobre isso e também já deixou bem claro porque as pessoas não conseguem enxergá-lo como algo que provém de Deus: "Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Quem puder compreender, compreenda" (Mt 19,11-12). Também São Paulo enfatiza o celibato como um dom que certas pessoas possuem: "Pois queria que todos fossem como eu. Mas cada um recebe de Deus o seu dom particular; um tem este dom, e outro tem aquele" (1Cor 7, 7). Tal qual o celibato, também para o matrimônio é preciso ter o dom necessário para se tornar marido e esposa, pai e mãe. Quantos casamentos não se acabam porque os cônjuges não têm a vocação necessária para se doarem verdadeiramente um ao outro e para os filhos? Quantas famílias não estão destruídas e infelizes porque o homem não tem o dom para ser pai ou a mulher não o tem para ser mãe? Casar e fazer filhos são as coisas mais fáceis que existem; entretanto, para viver o sacramento do matrimônio e construir um lar feliz são necessários os dons próprios para isso e não são todas as pessoas que os possuem.



São justamente as pessoas que foram agraciadas com o dom para o celibato que a Igreja procura para trabalharem pelo Reino de Deus. Tal qual uma empresa que busca um gerente que possua o dom para fazer uma boa administração do patrimônio que possui, a Igreja procura homens e mulheres que possuam esse dom particular a fim de consagrarem suas vidas para cuidarem de todo o rebanho que Deus reuniu.

Portanto, antes de criticar ou ridicularizar o celibato e as pessoas que com ele foram agraciadas, devemos avaliar bem a nossa atitude porque estaremos menosprezando um ato do próprio Criador.

Eu sou RAY PINHEIRO

(Ex Seminarista Catolico Salesiano)

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