"Não vim trazer a paz, mas a espada", disse Jesus. Muitos defensores da luta armada utilizam esta frase para justificar suas tendências guerreiras e seus propósitos egoístas.
Jesus sabia que sua doutrina, por algum tempo iria separar os homens. De um lado ficariam aqueles que se uniriam pela essência, pelo espírito, pelo essencial; de outro os aferrados à forma, à letra, ao acessório.
As religiões possuem em suas questões de fundo, semelhanças expressivas; o que as diferenciam, geralmente, são pequenas curvas contornáveis, caso se dê uma chance à compreensão.
Mas o que ocorre é que elas abandonam os 99 pontos comuns e brigam por um ponto onde divergem. Cada uma delas pretende ter o monopólio da verdade, ser a "eleita", reter a "verdade plena", pecando por soberba e por orgulho.
Em "O Livro dos Espíritos", Kardec indaga ao Espírito de Verdade, se o Espiritismo se tornará uma crença comum. A resposta é positiva. Kardec não pergunta se toda a Humanidade se tornará espírita, mas se o Espiritismo se tornará crença comum.
E qual a diferença?
Simples. Todo espiritualista inevitavelmente adentrará o território espírita. Ele aceita a doutrina a que se filiou (digamos, por formação cultural ou porque tem uma fé hereditária, induzida por seus pais, ou pela classe dominante) sem comprovações. Crer na imortalidade da alma. O Espiritismo, através da mediunidade, lhe dará a prova de que o espírito sobrevive à morte e conserva a sua individualidade, através da comunicação entre vivos e mortos. Na prática da justiça, encontrará a base filosófica coerente, a lógica irretocável, na teoria reencarnacionista e na lei de causa e efeito. No exercício da ética se surpreenderá vendo-a integralmente contida nos códigos espíritas, onde a caridade, paradigma da moral crista, é o luzeiro maior.
Como conseqüência, aceitará a base do Espiritismo, do qual já conhece uma parte, embora continue filiado à sua religião.
O Espiritismo é uma doutrina de paz. A sua guerra é contra a injustiça e o desamor dos homens. Não faz "guerra santa" procurando impor-se pela força das armas ou por outros métodos coercitivos, violando o livre-arbítrio de ninguém. Não submete as pessoas a "lavagens cerebrais"; não promete salvação a troco de bananas nem a peso de ouro; não mercadeja os ensinamentos ou o alívio que estes proporcionam; não mercantiliza o nome de Deus nem os dons que gratuitamente fornece.
O Espiritismo, doutrina sem rituais, sacerdócios, sem formalismos exteriores, apenas esclarece que Deus ama aos homens indistintamente; que todos serão "salvos" através de seus méritos, que a cada um é dado segundo as suas obras; que encarnam e desencarnam sucessivamente, tangidos pela lei do progresso, lei que os conduzem com a velocidade que o livre-arbítrio lhes possibilita. Deus, causa primeira de todas as coisas, deixou a todos os espíritos, a missao de aprender e vivenciar a Lei de Justiça, Amor e Caridade, e para tanto, dotou-os de inteligência, para que se exercitassem na fraternidade. Não nomeou remidos, eleitos, sócios, proprietários do céu, porta-vozes, para anunciarem o que nunca viram ou praticaram.
Envia profetas, espíritos missionários, que se destacam pelo desprendimento dos bens terrenos, pela bondade e sabedoria no trato com as suas leis, pela linguagem e ação justas.
Uma doutrina de justiça e coerência em terra injusta e egoísta, teria mesmo que sofrer perseguições e discriminações por conta de sua vigorosa ética evangélica. Doutrina que não produz fanáticos nem acomodados, canaliza suas energias para o amor e a instrução de seus discípulos, reconhecendo como seus seguidores aqueles que se renovam a cada dia.
Em meio às falanges espíritas a natureza bélica não predomina. A energia, a disciplina, o ânimo, a força, a coragem são ferramentas do cotidiano kardecista.
A agressão, a belicosidade, o fanatismo gerador do orgulho de casta que se contentem com outras praias. Espiritismo é praia mansa de água vivas, onde a ameaça de afogamento tem como alvos o orgulho e o egoísmo.
Sobreviventes? A caridade, a tolerância, o estudo, a disciplina, a mansuetude...
Por favor pensemos nisso...
Crux Dest Virtus Est...
Soli Deo Gloria..
Dominus Tecum...
Namastê...
Fraternalmente.
EU SOU RAY PINHEIRO.
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